Fazer um bom vinho também é uma arte

Porque é que o vinho fica a azedo, fiadeiro ou gorduroso? Qual é o melhor procedimento para fazer um bom vinho? Foram, entre outras, questões que o público colocou ao Enólogo João Ferraz, a quem coube a tarefa de fazer uma prelecção sobre esta temática e satisfazer a curiosidade de alguns produtores de vinho do Paul e de outras freguesias circunvizinhas.
Com efeito ,no âmbito da programação dos festejos de Santa Bebiana, que vão ter lugar de 4 a 6 de Dezembro/09 e dando cumprimento à preocupação de promover uma abordagem sobre a temática do vinho mais pedagógica, a Casa do Povo local levou a efeito na noite de sábado, dia 21 de Novembro /09 um colóquio na Casa Típica do Paul, designado “ Como fazer bom vinho”.
Os mais interessados na matéria discutiram durante todo o serão as formas como fazem a sua produção caseira de vinho, verificando-se em alguns casos práticas menos correctas face ao procedimento científico aqui defendido pelo palestrante.
Terminada a palestra seguiu-se a prova e análise sensorial dos que para o efeito vieram munidos de uma garrafa de vinho da sua produção, testando e comparando assim a sua qualidade com outros.
Tratou-se de uma iniciativa, que abriu novas perspectivas ao vinho produzido na região e em particular na vila do Paul, tal como referiu o João Ferraz, “ houve uma boa adesão e acima de tudo os que estiveram estavam motivados para aprender as boas práticas e alterar as castas por outras de qualidade superior. Conseguir ao fim de tantas gerações que esta gente com o saber adquirido pela experiência reconheça que é necessário alterar este estado de coisas, se quisermos uma vinha e um vinho de qualidade em termos de futuro, já é muito bom”. Garantiu este enólogo.
Na verdade, as questões técnicas que vieram à coação foram uma mais valia para o conhecimento empírico dos produtores presentes que a avaliar pelo interesse demonstrado estão receptivos a outros ensinamentos tal como refere este técnico, “ penso que é possível fazermos aqui três ou quatro sessões de esclarecimento e assim sensibilizar esta gente para novos procedimentos se quiserem obter um vinho melhor. Mudar as práticas e as castas é o caminho para atingir este objectivo. Mas parece-me que esta iniciativa saldou-se como êxito que é preciso repetir”. Asseverou João Ferraz.
Quem estava na assistência sempre com um olhar compenetrado era um homem que sabe de vinhos e que ainda assim gostou do que ouviu, “ muitos dos truques e conselhos que aqui foram dados eu já os conhecia, mas gostei de passar este serão na Casa Típica do Paul e sempre se aprende alguma coisa”. Afirmou convicto José Gravito.
Para António José Duarte, um dos organizadores do colóquio apesar do público ter por vezes entrado em diálogo, prejudicando um pouco a exposição do enólogo valeu a pena, “ a Casa do Povo do Paul, é a primeira vez que organiza um colóquio com esta temática, mas a receptividade foi boa por isso estamos satisfeitos com os resultados obtidos. O Paul já teve bom vinho, mas aos poucos essa qualidade foi-se perdendo, está na hora de todos darmos volta a esta situação e este colóquio deu um bom contributo nesse sentido”. Enfatizou este dirigente.
Na verdade o serão foi bem agradável até porque, para uma boa pinga, é necessário um bom acompanhamento e sendo assim os enchidos e o queijo da região ajudaram a degustar os vinhos que estiveram à prova no colóquio onde se aprendeu como fazer um bom vinho.