Mau tempo prejudica festejos de Santa Bebiana

A chuva foi a visita indesejada que inviabilizou algumas actividades dos festejos de Santa Bebiana. Mau tempo e um circuito muito disperso provocaram o descontentamento de alguns, mas as tasquinhas, os expositores, a animação dos grupos salvaram a festa, que teve na procissão e no sermão o seu apogeu, tendo conseguido mobilizar uma verdadeira multidão para o Largo da Praça.
Durante três dias o propósito era transfigurar a vila fazendo-a viajar no tempo e “ encarnar” a vida quotidiana do inicio do século passado, através da Festa da Santa Bebiana e do Arraial à Moda Antiga, só que São Pedro, recusou-se a participar e mais do que isso só permitiu a viagem com condições climatéricas verdadeiramente adversas. Na verdade, a adesão a uma tradição que estava presente na memória popular mas parada no tempo, é a certeza de que os festejos de Santa Bebiana, têm potencial para continuarem a crescer, até porque a edição deste ano apesar do mau tempo, principalmente, no sábado dia em que decorreu a procissão e o sermão teve uma presença massiva de pessoas oriundas de várias regiões e até da vizinha Espanha.
Mas tudo começou na sexta-feira 4 de Dezembro, com a arruada do Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul, abertura das tasquinhas e recepção à Santa Bebiana. A animação do circuito onde estavam colocadas as tasquinhas e os artesãos este ano com maior dimensão esteve a cargo nesta noite dos Zabumbas da Casa do Povo do Paul, Nem Fun Nem Fá, entre outros.
De facto, um circuito distribuído por várias ruas com tasquinhas e artesãos dispersos pelas mesmas criou uma sensação de vazio e desagregação do ambiente que esta festa criou em edições anteriores, aliás, esta era uma das críticas que se ouvia este ano, “ há mais tasquinhas mas estão muito longe uma das outras e os artesãos também estão dispersos por aqui e acolá, assim fica tudo desligado e não resulta tão bem”. Argumentavam alguns populares e participantes.
Sermão e encenação hilariantes
No sábado 5, a chuva miudinha mas persistente fazia temer que as actividades mais importantes ficassem em risco mas “os devotos de Santa Bebiana” não faltaram à chamada e, provavelmente, assistiu-se à maior procissão e à maior enchente no Largo da Praça, desde que a festa ganhou este novo contorno.
Depois da abertura das tasquinhas com alguma animação mais dentro delas do que na rua, o grande momento estava reservado para a Procissão da Santa Bebiana, animada com rezas bem regadas ( com vinho e água), preludio para o Sermão no Largo da Praça com pregador de fora abrilhantado pelas “Cantadeiras de hábito…” como sempre à frente o estandarte, logo seguido pelos confrades todos de archote em punho. O cortejo contava ainda com outros elementos que faziam soltar as gargalhadas dos populares, o burro atrelado à carroça é sempre “ assediado” pelos mais sequiosos, ou ele não levasse uma pipa de vinho (oferta da Adega da Covilhã), os “crentes” devidamente trajados com a “opa de serapilheira” e sempre atentos à “pregação” do orador, que não se furtava a esforços para os motivar ia apregoando o “ Salmo Responsavariado”,conseguindo que a chuva “ molha parvos” não interferisse na boa disposição dos crentes. O pregador e outras figuras proeminentes acoitavam-se num “majestoso” palium feito também de serapilheira, reforçando o quadro de protagonistas deste cerimonial pagão.
Já quanto ao “sermão” foi muito intenso e de grande fervor, com momentos verdadeiramente hilariantes este ano com a particularidade de ter “interludios” musicais com as Cantadeiras da Santa Bebiana. Terminado o grande “ sermão” aos poucos a animação ganhou fôlego, a boa jeropiga mais cedo ou mais tarde animou a rapaziada, os petiscos sabiam melhor do que nunca, a musica lá se ia ouvindo através dos grupos, com a Fanfarra Sacabuxa a fazer a diferença e a noite fazer-se dia para os mais resistentes.
No domingo, 6 o tempo ainda piorou mais e as actividades foram canceladas, contudo, algumas tasquinhas e artesãos abriram os seus espaços e os grupos musicais animaram estes espaços mas pouco mais aconteceu.
Quem esteve pela primeira vez a participar na Festa da Santa Bebiana, foi uma representação da Escola de Hotelaria e Turismo do Fundão, “ esta foi uma boa experiencia e os alunos adoraram estar aqui. O nosso grande objectivo é por um lado divulgarmos a escola, enquanto por outro, queremos inserir os alunos nestes ambiente da tradição popular e cultural. Fica a vontade de voltar para o ano, até porque, a sopa à lavrador, feijoca à pastor, pasteis, moelas rissóis bifanas e muitos outras ofertas saíram bem e estiveram dentro das nossas expectativas”. Confidenciou o chefe Pedro Rito.
Vontade de voltar renovada
Já para outros artesãos e proprietários de tasquinhas o fim-de-semana chuvoso prejudicou o negócio e o desalento estava estampado nos seus rostos, mas admitiam que a especificidade desta festa é única e vale sempre a pena. Objectivamente, para poucos terá valido mesmo a pena, até porque com animação própria dentro das suas tasquinhas antes do horário de fecho diário do evento, desrespeitaram o regulamento da Casa do Povo do Paul, responsável da animação, ganhando assim à concorrência prejudicada por esta atitude, mas no compito geral o balanço foi positivo tal como adiantou a presidente da Direcção da Casa do Povo local, “ não mandamos no São Pedro, por isso este tempo gorou um bocado as nossas expectativas, mas este evento tem pernas para andar e é já hoje seguramente o grande cartaz turístico e cultural desta freguesia e da região. As entidades competentes tem de apoiar mais esta iniciativa se quiserem que ela continue e não volte a perder-se. Apesar de tudo faço um balanço positivo” Asseverou Leonor Narciso.
Recorde-se entretanto que, a organização a cargo da Casa do Povo do Paul, contou com os apoios da Câmara Municipal da Covilhã, Junta de Freguesia do Paul, Inatel, Instituto Português da Juventude, Agrupamento de Escolas Entre-Ribeiras Paul, Rádio Cova da Beira e com as pessoas que cederam gratuitamente os seus espaços para ali montarem as vendas dos artesãos e das tasquinhas.
( "Fonte Inforpaulense")